quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Facetas

De múltiplas caras:
umas encaram, outras deslizam,
apesar da forte seleção efetuada.


Quando pequeno, brincava de tabuada:
Pranchetas d’outrora,
Facetas contemporâneas...

domingo, 23 de setembro de 2012

Dilema

Me vira num mato sem cachorro, de repente:


A noite, raposas, gatos selvagens, dentes;
Durante o dia, areias quentes.

Já não sei de que sertão tento fugir.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Estórias de voinha



No fim da década de 30, causos reais e verdadeiramente verídicos.

1)

- Mãe! Pão com manteiga é tão bom...
- Onde e como você conseguiu dinheiro para comer pão com manteiga, meu filho?
- Eu não comi. É que vi um homem lá na venda comendo e me pareceu tão bom...


2)

Na volta do açougue, Genário é questionado por sua mãe:
- Você viu se o açougueiro tinha pé de porco?

E ele responde:
- Não vi, ele estava usando botas.


3)

Num tempo em que São Pedro do Pontegi não conhecia gelo, Clodomir chega se refrescando com a novidade:
- Hum...

Sua mãe se supreende com a cena:
- Menino, você está chupando VIDRO!!!

E ele responde:
- Não mainha, estou chupando RÊLO!

Falando de amor


Quando se está só,
Futilidade predomina.

Só posso imaginar
a ocasião perfeita,
estampada na parede,
falando de amor.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Ponto de vista

A sensação de perda aparece,
 fulano faz uma prece.
  Fico a beira de um precipício,
   o restante padece.
    A agonia não me deixa,
     é, pois, inerente.
      Amigo, como está?
       Contente? Tudo em vão.



        Essa depressiva vista -
      daqui de baixo -
     me deixa tão pequeno,
   já não há motivos para seguir.

Doentia emoção


Antes gostava disso, hoje tudo enjoa,
pareço ser outra pessoa.
Qual é a melhor opção?

Quero desabafar com outra pessoa,
falar de minha mente a toa.
Não tomo uma posição.

Isso é uma boa, é o que me faz viver.
É uma doentia emoção.

Vou pular de uma proa e deixar de viver.
É uma doentia emoção.

Alegorias


Palavras ditas num tempo qualquer,
alegorias numa imaginação
e a esperança de um bem-me-quer.

Aquele livro me lembra você,
aquela música é sua cara.
Por mais que eu tente esquecer

Ah, situações raras...

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

De mãos calejadas

A primeira vista,
Oportunidade de recomeço.

Sou quem quero ser,
Descubro sem super poderes,
Não por tua boca,
Não por teus lábios.

Tuas fraquezas me ferem.
Mais ainda, ainda assim,
São mais fracas que
Minhas feridas.

Efeito

Ação do coração que
Bate forte,
Que corre a atrás a
Toda velocidade,
Trilhada por uma boa música.
Com todo o tempo do mundo
Grito algum abala a
Sapiência.

Causa


O coração pára
e só se ouve o mar.
Em câmera lenta,
o seu adeus,
a vida num piscar de
olhos e lágrimas.
Gritos silenciosos
por toda parte.

domingo, 19 de agosto de 2012

Diz o que quer, ouve o quer (depois dos 50)

Conveniência, dez! A idade nos permite fazer
o que antes julgávamos inadequado, ao menos é o que dizem.
E é também o que quero reproduzir a partir de agora. Ponto.

Verei no que dá, afinal de contas, se é bom para todos os sujeitos, por que abrir mão?
Não se trata de jogo de soma zero, a não intervenção pode provocar vantagens a ambos,
basta que nos utilizemos de nossa especialização.

Bem, meu produto será a palavra. Mas afinal de contas, o que tens a me oferecer?




Caça e caçador

Naquela manhã havia gameleira,
pau-brasil e casa de cupim por todo lado
(um relacionamento doce e duradouro,
com corrente de ouro, vaidoso que só ele).
Mas gritos estrondosos ensurdeciam
os visitantes, que só queriam avistar macacos-prego saciando sua fome,
algumas grandes caranguejeiras, borboletas  e formigas.

Após a encruzilhada onde morreram mãe e filha anos atrás
ecoaram novos roncos fortíssimos
e por mais que o espírito da grande árvore os protegessem,
não se sentiam seguros o bastante em meio a mata (onde andará Chuck Norris?).
Enfim o grupo juntou-se e partiu
sem avistar seu predador: um pequeno bugio
(Não era o leão que fugira do circo?).

Flor de Lis


Lírio de campo, da pele,
quão nobre e heráldico tu és.
D’um escotismo desvirtuado,
de cobre, asfáltico: insumo e produto de Íris Belle.
A maldita tentação do jardineiro,
Que anseia por seu glamour,
D’Alceu, La Belle de Jour.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Às vezes "até logo" quer dizer "adeus"...


... fico a imaginar o que seria mais cruel: com ou sem despedida?
Quer pedir uma a Deus?

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Ares de março, abrindo o outono


Dia em que se houve o canto de irmãos
ao ritmo do Jazz;
Que se notam os móveis não metropolitanos
expostos num grande armazém;
Que se inauguram
uma trinca de outras coisas.
Recordações de dias mágicos,
antecipações d’uma semana santa.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Tua companhia


Tu me mandavas, mas nem sempre ias

ao encontro de nossa vida,
do fim dos nossos dias.


Tu me dizias, mas não consideravas

Alternâncias de humores,
penhores,
e de arredores,
rumores.


O que me restava era a fartura, enquanto não rias,
da melancolia de tua companhia.
(e da companhia de tua melancolia!)

terça-feira, 3 de abril de 2012

Confabulação cadavérica

Sem choro e vela
em catacumba, só rumba, Noel,
nesse Rio de samba.
Boi meu bumbá, bumba nessa
oração de capela, terreiro de macumba.
Onde o malungo acocha, Noriel,
E mata saudades da saudosa Bahia.
Por fim, não te contorça Álvares,
Mas entre o súbito mal e a tumba,
hei de enxergar alegria em sua poesia.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Rumo a

Diz-me ser ágio,
Serasa, calote;
Plágio de dívida,
Misturas das mais híbridas,
Do tipo “tudo por dinheiro”.
Galope! em suas apostas...




Mas que requinte, quanta agilidade!

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Bicolor


De branco, sem braço.
De preto, sem perna.
Cores desmembradas,
Arco-íris hiberna.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Mais uma sobre a saudade


Saudade... úmida, salgada.



Conversora de forças
(em pensamentos) que


Buscam a seqüência
do movimento (de ida),


A volta aos seus braços.


Função Maré, amor contínuo.


quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Sem moléstia

Das entranhas,
dor que alivia;
teoria marginal,
arredia.

Do banquinho, remedia-se:
por muito tempo
(e deste jeito não aguento)
miro a pia.