quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Por um bis (ou Por um triz II)

 



Quero calma, quero beijo manso,
bocas que se examinam pacientemente;
línguas que se encaixam sem esforço,
lábios endentados como um só.

Quero beijo macio, abstrato, seu beijo!
Emblemático, do tipo de amor que sinto por ti.
Beijo que só é triste quando não se concretiza,
quando utopia.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Sonho siamês

 

Hoje é o grande dia!,
deixemos o amanhã para depois –
o amanhã é longo prazo,
posso nem sequer estar lá.

Hoje! te ofereço verdades e possibilidades:
pela manhã seremos honestos (justiça!);
a tarde seremos diferentes (escassez!);
a noite faremos do jeito certo (certeza!).

Confie em mim,
assim como confio em você.
Ao teu lado, com tua beleza,
Hoje é o grande dia!

domingo, 7 de setembro de 2014

Mesa de bar


Adentro, vírus, doença, cólera -
cansaço físico, desgaste mental,
sono, fadiga.
E há quem diga que descansamos de um
dia sem bossa nova, sem boemia,

embarcação, magia.

A decoração é que é de barco,
iluminação flutua no ambiente!

Mas aqui tem janelão, com grandes cortinas;
teto triangular, pirâmides em duas dimensões -
minhas opções, sempre elas, luzes que choram.
Aqui tem pratos bonitos,
minúsculos e bem variados, 
avariados pela espera,

estou faminto.

Garçom, mais um drinque,
um gole de consciência!

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Sonoridade


Grande parte do que ouço falar remete a ti:
o rock, tua agressividade;
um pop, teu carisma;
cada reggae, teu sossego.
A vida real – sonoridade –
é meu musical – personalidade tua.


quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Do amor


 - Conhecemos alguém e nos apaixonamos.

O motivo, esclarecido ou não, é que algo naquela pessoa nos desperta interesse, curiosidade, admiração. Esse algo pode ser uma característica física, um traço na personalidade, algum tipo de habilidade... Ou tudo junto!

- Inicia-se um relacionamento, fase de descobertas. O tempo passa e... Ao poucos começamos a conhecer detalhes no outro que nos irrita.

Naturalmente se faz uma comparação entre as qualidades e os defeitos, sendo a balança um aparato cruel: mais sofrimento que prazer significa fim de relação. Mas o que interessa aqui é falar sobre o caso em que o saldo é positivo, o caso em que se julga sair no lucro.

- No fundo, não nos contentamos. Indagamos sobre querer viver por muito tempo ao lado de tantas qualidades, porque o outro tem como contrapartida aquela mania, aquele hábito. Então, a pessoa promissora, com tanta potencialidade, passa a ser alvo de modelação, pois desejamos moldar o(a) nosso(a) parceiro(a).

Interessante é não querer alguém passivo, que concorde com e aceite tudo; nem querer alguém completamente autônomo, sem flexibilidade, que não considere opiniões. O preferível é que se tenha ao lado alguém com personalidade, mas que vez por outra abra mão. Isso simboliza algo muito importante, representa pequenas vitórias no processo de molde. "Pequenas mudanças, grandes negócios".
Quando não se consegue moldar, acaba-se o relacionamento e fica-se a sensação de que algo acabou pela metade. A sensação de que com um pouco mais de tempo fosse possível mudar (o outro ou a si?).

- Às vezes ouço relatos sobre “os amores da minha vida” e reflito sobre isso. Normalmente esses amores são amores passados, poucas vezes coincidem com o atual relacionamento. São amores conjugados no futuro do pretérito do indicativo, nos subjuntivos. É como se não se tratasse de amor em si (em seu sentido mais abrangente), pois o amor nesses casos me parece ser muito mais psicológico que factual.

A gente se lembra não é por amor; a gente não se esquece da frustração.