domingo, 21 de dezembro de 2014

P-a-pá

Vais do céu ao inferno,
Ou o inverso (tão pá!).

Sei o que queres e do que precisas.
Sei que posso te dar, mas não devo fazê-lo (tão pé!).

Porque és tão fácil, tão difícil?
Que incontido e desprezível suor,
que dispersa (tão pó!)!

E hoje venho desapegando das coisas carnais
(a não ser que seja retrô),
o que torna tudo mais árduo, imodesto
(tão pu-ruruca).

sábado, 20 de dezembro de 2014

Suspeita


Sei de sua experiência de vida,
De alguns de seus feitos...
Mesmo assim,
Não consigo confiar no que diz, em seus atos.
O seu cabelo não nega mulata,
Seus olhos dizem outra coisa.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Fuga Descartiana

Penso que tu logo existes,
mas saístes de minha vida.

No entanto, porém,
rondas
meus
terrenos,
pairas por aí,
por aqui.

Diga-me a verdade, não és a met-ade
do que deverias ser.
Fizeste-te de certo, caminho a b e r t o
para o falecer.

Mas não deixeis cair em tentação,
livrai-nos do mal, do bem,

descanses e ME DEIXE (em paz).


quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Resignação


É fácil entender, é fácil.
Eis que ela surge para reforçar
tua fé no que acreditas;
encadear-te em teus próprios princípios,
os mais difíceis de cumprir.

Cantes sozinho por aí,
mas não abandones tua crença
no que te é verdadeiro,
mesmo que custe o conforto,
mesmo que sofras.
O que é virtuoso é virtuoso
e disso ela não te deixa esquecer.

Seja o abrir mão,
a resignação, o altruísmo,
a liberdade de vícios.


quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Sacada



Meus olhos ardem de tanto descanso.
A mansidão da sacada
revela a secura das águas -
particular melancolia fluvial -,
o remanso, a ex-balada, esse astral.
A luz do sol me deixa assim;
A da lua também.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

A gente queima tudo

Somos o que somos,
Dizemos o que o corpo quer,
O que a alma permite escapar.
Sussurre meu nome, que me quer,
Que sou só seu, que és só minha,
Que tudo isso irá durar.

O cigarro apaga
E a gente queima tudo
Nas habitações de cada instituto,
Vividos e sobrevividos.
Degusta-se o vinho,
Digere-se a castanha de caju.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

O ser humano e alguns de seus (nossos) medos

1)
Tem-se uma inclinação incrível para a incoerência: do mesmo modo que “não há nada que você não se acostume”, que somos seres altamente adaptáveis, temos uma dificuldade também incrível para mudar (sentamos sempre no mesmo canto; não gostamos de variar os móveis de lugar e assim por diante).

2)
Outra coisa me chama a atenção: não se sabe lidar com o diferente, com o que não se gosta, com o que não é belo para a gente, o que não pertence ao nosso mundo. Somos muito intolerantes e desrespeitosos.


3)
Sem dúvidas, outro curioso medo se refere ao futuro. O futuro, cuja resposta não se sabe ao certo, variável aleatória, não é necessariamente ruim pelo simples fato de ser incerto: a princípio (e em média), ele é neutro - pode ser bom, ruim.
A incerteza, por sua vez, carrega consigo a definição de risco (traço feito a lápis), tipificando-se em puro, especulativo.
Mas o futuro pode ser tanto prazeroso quanto doloroso, fácil ou sofrível. Muito cuidado, portanto, com as expectativas associadas a ele. Elas nos levam a caminhos bastante distintos: há quem sofra por antecipação; há quem se iluda; há quem viva o agora.

“O amanhã vai chegar e anunciar a nova estação”.

Esse medo do incerto - do que está por vir, do novo, da mudança, do diferente, do contraditório - é limitado, humano.

"Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio."

Prefiro a ótica de um otimismo comedido, o chuchu beleza de uma ponta de esperança, a ideia de que algo de bom é possível. Afinal de contas, existe probabilidade enquanto incerteza houver:

eis a beleza do estocástico.