domingo, 7 de março de 2021

teus olhos


iniciais e terminais conectados,

as transmissões excitam, inibem.

a despeito, demasiadas as ligações banais,

raros os cultivos, bem como nossa compreensão.

 

mais ligados que imaginado,

atraímos, repelimos, mal e bem;

antecipamos palavras, tempos verbais,

e recordo teus olhos, d’outra vida, inspiração.

 

mas chame do que quiser, meu gatilho:

inteligência, alimento, espiritualidade,

senso de humor, imaginação,

pontilho - transcendência.

 

um brinde a tua melhor versão:

teu jeito na minha presença.

sábado, 6 de março de 2021

conectivo


consciente, comunica-te com teus mundos:

improvável, insistente, curioso, provador, intenso.

e ao lhe conhecer, teu corpo diz - “prazer”,

enquanto tu’alma confidencia - “senti sua falta”.

 

subconsciente, feito de memórias, emoções e hábitos:

e ao sonhar consigo, teu corpo sopra – “saudade”,

enquanto tu’alma sussurra – “o prazer foi todo meu”.

 

inconsciente, garantidor de tua sobrevivência:

desmedido, instintivo e vicioso - conectivo.

terça-feira, 3 de novembro de 2020

Minha pintura

Numa gostosura de verdes, de rosas,

desenho-te completamente, pelas beiras, e

imponho um chiado de coisa antiga, estação primeira,

com formas redondas e tudo o que tenho direito.

Escolho um vermelho bem paixão (e que vermelho!)

pra que de frente ao espelho torne-me um insano,

a pessoa mais cruel do mundo,

um alguém com a maldade dos melhores dos amantes,

que não como antes

esquece-se o que é o amor.

terça-feira, 1 de setembro de 2020

o curso das coisas

(I)

num sistema natural,

uma indiferença em meio ao caos

certamente influencia o curso das coisas

 

assim, não importa se conheço os fatores

que explicam o seu comportamento,

simplesmente não posso aferi-los

 

da sua sensibilidade a condições iniciais

e erro de prognóstico, como quem prevê o tempo,

o determinismo não passa de aleatoriedade

 

(II)

curto e grosso, na vida real

não existe o imprevisível,

dubitavelmente tenho um bom palpite

 

não importam minhas escolhas,

nossos comportamentos,

não se consegue desviar do rumo, lei da atração

 

da sua sensibilidade a condições iniciais

e erro de prognóstico, como quem prevê o tempo,

o determinismo determina

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

luna per virginem


lua, iluminada, feminina. latina.

de mito a parte de ritos,

temida, admirada.

 

seus movimentos –

em torno do sol,                                em torno de si

e capaz de p u  x   a    r     as      c o  i   s     a      s -

nos influencia a todos desse sistema,

líquidosss e SÓLIDOS,

num nível (im)perceptível.

a maré, baixa, ALTA,

de humores oscilAntes e

sequências infindáveis (...) dos ciclos,

mingua, renova-se, cresce e se c-o-m-p-l-e-t-a.


limitado, não sou capaz de ver todas as suas faces,

satélite natural, corpo celeste,

mas o tempo passa e nos ensina:

ah!, lua em virgem,

tentativa incessante de dissecar todas

e discernir entre todas as emoções.



terça-feira, 12 de maio de 2020

Pretérito perfeito



Intenso como um baita soco,
muito rápido como um baita soco.
O cigarro apaga e a gente queima tudo
nas habitações de cada instituto vivido e sobrevivido.
Degustou-se o vinho,
digeriu-se a castanha de caju.

terça-feira, 5 de maio de 2020

Maré baixa


Meus olhos ardem de tanto descanso.
A mansidão, da sacada,
revela a secura das águas,
melancolia fluvial, ao longe.
Deve ser a monotonia do remanso,
abstinência de grandes emoções, mas
a luz da lua me deixa assim;
a do sol, também.