1)
Tem-se
uma inclinação incrível para a incoerência: do mesmo modo que “não há nada que
você não se acostume”, que somos seres altamente adaptáveis, temos uma
dificuldade também incrível para mudar (sentamos sempre no mesmo canto; não
gostamos de variar os móveis de lugar e assim por diante).
2)
Outra
coisa me chama a atenção: não se sabe lidar com o diferente, com o que não se gosta,
com o que não é belo para a gente, o que não pertence ao nosso mundo. Somos muito intolerantes e desrespeitosos.
3)
Sem
dúvidas, outro curioso medo se refere ao futuro. O futuro, cuja resposta não se
sabe ao certo, variável aleatória, não é necessariamente ruim pelo simples fato de
ser incerto: a princípio (e em média), ele é neutro - pode ser bom, ruim.
A
incerteza, por sua vez, carrega consigo a definição de risco (traço feito a lápis), tipificando-se
em puro, especulativo.
Mas
o futuro pode ser tanto prazeroso quanto doloroso, fácil ou sofrível. Muito
cuidado, portanto, com as expectativas associadas a ele. Elas nos levam a caminhos bastante distintos: há quem sofra por antecipação; há quem se
iluda; há quem viva o agora.
“O
amanhã vai chegar e anunciar a nova estação”.
Esse
medo do incerto - do que está por vir, do novo, da mudança, do diferente, do contraditório
- é limitado, humano.
"Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio."
Prefiro
a ótica de um otimismo comedido, o chuchu beleza de uma ponta de esperança, a
ideia de que algo de bom é possível. Afinal de contas, existe probabilidade enquanto incerteza houver:
eis
a beleza do estocástico.
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