A internet tem inserido
cada vez mais as pessoas nas discussões sobre diversos temas, dentre eles a Política
e a Economia. A priori, isso deveria ser uma boa notícia, afinal de contas a
maior politização por parte do brasileiro poderia implicar num maior nível de crítica,
conscientização e autonomia. No entanto, o que parece ocorrer nessa etapa
inicial é apenas uma espécie de politicismo, por se tratar de um evento em que
não há esforço para compreender os acontecimentos. Claro que isso não se aplica
a todos, mas a muitos.
Para estes, prefere-se
a escolha de um lado, a preterição do outro - a criação do bem e do mal; prefere-se
a reprodução de falas sem a preocupação com seus significados, origens e intenções;
não há debate, ninguém está disposto a ouvir, apreender e contribuir; o que se
pretende é convencer o outro de que sua verdade é a Verdade.
A história econômica do
mundo nos mostra a existência dos chamados ciclos econômicos – que são compostos
por períodos de estagnação, recessão e crescimento. De modo simplificado, os
períodos estão fortemente associados aos problemas macroeconômicos (e aos
combates a esses problemas): o combate à inflação, por exemplo, tende a gerar
recessão; o combate ao desemprego, a gerar crescimento. Claro que de acordo com
a escola de pensamento na qual se crê, o plano (política monetária, fiscal,
cambial etc.) traçado difere - mas esse não é o ponto central deste texto. Como
não somos tão racionais quanto sugerem as premissas de muitos dos modelos, não
existe um lado que sempre pensa e age do modo correto, e não existe um lado que
sempre pensa e age de modo incorreto.
É difícil fazer tal
separação, já que, em primeiro lugar, há a dificuldade no estabelecimento unânime
do que é correto ou não. Além disso, é preciso atentar-se à possibilidade de “cegueira”
gerada pela crença exacerbada numa bandeira. E isso é o que se tem visto nas
redes sociais. Não falo dos que deixam de se falar por causa de suas diferenças.
Falo da importância de não se deixar alienar - seja azul, seja vermelho -, falo
da não assunção de um discurso que não te pertence, falo do respeito, falo da
crítica, falo da proposição construtiva (aquela que envolve a participação dos
agentes envolvidos).
Somos “pessoas comuns”
(eleitores e mal representados) que rompemos a unidade (todos juntos somos
fortes) em nome de personagens corruptos (eleitos e mal representantes) e
pequenos grupos (como as cúpulas partidárias). Infelizmente, os absurdos vêm de
todas as direções: frases como “tiveram que se corromper para que pudessem
chegar ao poder” ou “é corrupto, mas está fazendo bem o papel de oposição” não
são poucas vezes usadas como justificativas. Elas enfatizam a tese de que os
fins justificam os meios e isso é algo que caminha distante do que é ético e
virtuoso.
Ao invés de levantarmos
bandeiras que nos obrigam a levantar, de forma acrítica, poderíamos discutir
conjuntamente ideias que revolucionassem nossa forma de pensar e agir.
Poderíamos ser todos de um só grupo, dispostos a unir o que há de bom em cada
discurso, por um propósito maior. Poderíamos todos lutar por justiça, e não nos
posicionar “contra” ou “a favor” de propostas de lei baseando-se somente no
partido propositor.
Pensando deste modo,
sou para alguns, conservador; para outros, reacionário; ou apenas um
oportunista, que de modo conveniente não escolhe um lado. Parece que mais
importante do que tentar compreender os fenômenos é fazer categorizações.
Como não somos tão Sapiens Sapiens assim, muitas vezes o
problema não está na santificação ou demonização do modo de produção, das
Teorias, das Ideologias. Precisamos deixar o “conforto” de lado (seja ele qual
for) para sermos conscientes, responsáveis, éticos... para vivermos melhor. Grande
parte dos nossos problemas como sociedade é de cunho Moralista.
Não sou liberal, não
sou comunista. Se tenho que escolher um Partido, opto pelo Partido das Pessoas e pelas Pessoas e isso basta. Mas podem me chamar do que quiser.
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