Noam Chomsky, em “Requiem For The American Dream”, trata
da desigualdade sob várias perspectivas (histórica, econômica etc.). Ele
afirma que a desigualdade é provocada pela riqueza extrema e é injusta por si
só; que ela tem consequências negativas e sua simples existência afeta corrosivamente
a Democracia. Neste sentido, é introduzida a discussão democracia x riqueza, essencial ao
entendimento da existência / manutenção da desigualdade.
Chomsky ainda enumera os
dez princípios da concentração de riqueza e poder. Dentre eles, sem “economês”,
destaco três: a redução da democracia, o
ataque à solidariedade e a marginalização da população.
Redução
da democracia. Trata-se de uma antiga manobra,
defendida por James Madison, que objetiva garantir o controle da população
frente ao “problema” das desigualdades (proteger a minoria opulenta contra a
maioria, o povo). Um contraponto a este tipo de pensamento, por exemplo, é
Aristotélico: é possível rumar à resolução do problema da desigualdade por meio
da diminuição das diferenças de riquezas, o que obviamente não é de interesse dos
mais abastados.
Ataque
à solidariedade. Enfatiza a preocupação consigo mesmo, o
que faz sentido para os ricos, que são autossuficientes. Para os pobres, por
sua vez, a solidariedade é importante. Como exemplo têm-se os múltiplos ataques
que diversos serviços públicos vêm recebendo, não no sentido de melhorá-lo /
corrigi-lo, e sim no sentido de extingui-los. A Seguridade Social (SS), que se
baseia no princípio da solidariedade (com o fato de se importar com os outros) -
e é composta pela Previdência Social, Saúde e Assistência Social -, vem sendo alvo
de discussões e ações que desresponsabilizam o Governo e apontam malefícios (perdas
de direitos) para a população. Há uma tentativa combinada de destruí-la (a SS):
retiram-se os investimentos desses segmentos para que se desmoralize o serviço
público (por “incapacidade de gestão”, por exemplo) e se justifique a privatização
do sistema. Na Educação não é diferente, o ataque é visto em todos os níveis do
ensino público. Pretende-se, de vez, transferir (do Governo para o cidadão) a
responsabilidade de investimento em Educação, com a consequente criação de um fardo
para os estudantes de famílias pobres. Antes, quando se produzia menos, era
possível arcar com a educação pública; hoje, produzindo-se mais, “não é”. Estão
tentando tirar o sentimento de mutualismo da vida das pessoas, reproduzindo-se
sentenças tais quais: “não tenho filhos jovens, que privatizem a escola”; “tenho
plano de saúde privado, que acabem o SUS”; “pago previdência privada, pouco me
importa o RGPS”.
Marginalização
da população. Trata-se da deterioração da relação
entre atitudes públicas e política pública. Deixa-se de agir construtivamente;
há mobilização, mas em direções autodestrutivas, na forma de raiva e ataque a
outros vulneráveis, o que corrói as relações sociais. Instiga-se o ódio e o
temor uns dos outros e se passa a focar na preocupação consigo mesmo.
No fim das contas, por
meio desse documentário, é possível inferir que Democracia e a Concentração de
Riqueza são antagônicas. Mais que isso, que a Democracia tende a ser combatida
pelos concentradores de renda, quer seja por meio de ideologia, da mídia ou de instabilização
das relações de trabalho. Como disse John Dewey, “a politica é a sombra lançada
sobre a sociedade pelas corporações”.
A
divisão criada e incitada no Brasil não é aleatória: existem diversos
interesses, antes implícitos, hoje (cada vez mais) explícitos, que a sustenta - o Governo Interino tem nos mostrado isso. Mas o Brasil é um só, somos todos Gente.
Com Bom Senso e Solidariedade podemos agir juntos e construtivamente contra injustiças,
a favor da melhoria feita por todos, para todos. É nisso que acredito.
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