sábado, 25 de julho de 2009

De meu leito


Palavras que não surgem,
Ar que não entra em meu peito.
Encanto que se foi com seu encanto,
Um tanto ofuscante.

Compensações que emergem,
Satisfações quando me deito.
De meu leito, pranto –
Reino aconchegante.

Já não quero que me prejulguem,
Analisem meu feito.
Jeito corpo santo,
Aterrorizante, sem preceito.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Pequena Colombina


Que carnaval, que nada.
Música e festa sem a amada
Não é festa nem música.

Aquela singela face
Pôde me entristecer
De maneira lúdica,
Entre confetes e serpentinas.

Agora é tanto amor que tanto faz,
Sou seu Arlequim e Pierrot.
E choro e brindo a sua alegria.
A festa é verde vermelha e fria.

domingo, 12 de julho de 2009

Sempre que posso, uso a imaginação




Eu, Victor Trajano, 29 anos, sentado, cansado, quase dormindo e esperando o ônibus - tudo ao mesmo tempo, acredite. De onde estou posso chegar a vários destinos diferentes: oeste, leste, sul e norte, sem medo da morte – tenho medo é de tipologia.

Minha razão me diz: "seu rumo depende de sua vontade (objetivos) e do seu estado de espírito (ou seja, dinheiro)". Minha falta de razão, por sua vez, manda-me simplesmente viver.

Misturo as coisas e me questiono se meu rumo estaria de fato condicionado aos fatores apontados pela razão. Bem, diria que parcialmente. Lembro-me de “Em Busca da Terra do Nunca”, filme que trata de fantasia e inúmeros passeios por mundos incríveis. Essa produção legitima a importância da criatividade, da imaginação! Posso estar em qualquer lugar, quando quiser! Vez por outra faço viagens internacionais e não gasto nenhuma unidade monetária por isso!

Sem perceber começo a dormir, mas as idéias teimam em prosseguir, sem que haja necessidade de minha lucidez. Somos tão criativos enquanto dormimos... Os sonhos se revelam boas práticas de cunho inventivo: faço o que quero e o que não quero. E esse “não querer” acho particularmente interessante. As pessoas costumam confundi-lo com o “executar”. Posso muito bem desejar algo que não devo, por convenções, limitações. O fato de não cobiçar não anula o meu querer. Mas isso é objeto de discussão futura.

De repente a buzina me acorda. Meu ônibus chegara e eu quase falto ao trabalho: eis meu rumo físico. Puramente físico. Porque minha imaginação, naquele exato momento estava se voltando a uma região de céu sombrio, prédios antigos e charmosos. Quantas pessoas tolas...

Por lá tenho o que quero, faço o que quiser. Sentir-me-ei em Pasárgada, pois posso ser amigo do rei, ter a mulher que quiser, na cama que escolher. Sou feliz assim, sonhando...

domingo, 5 de julho de 2009

Inanição


Vazio.




Desnorteado.




Sem inspiração, essa é a verdade.


Neutralidade não é algo que motiva.

Quero opinião. Quero parcialidade.

Mas quero também mansidão.


Uma mansidão sem mentiras (ou poucas delas).




Sem hipocrisia (ou quase isso).




Cheia.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Sertanejo Contemporâneo


De paletó no siridó,
Num calor da muléstia
E frieza na vista:
É tudo que me réstia.
Mas de aimeidia
Eu chuto o báldi,
Me disarrumo da doutoria,
Da fingida fraude.
Vô tangê meu gado.