"Exposição da condição finita do homem - ser transitório, que vai morrer; ser que se ancora no fundo irracional do cosmo".
domingo, 12 de julho de 2009
Sempre que posso, uso a imaginação
Eu, Victor Trajano, 29 anos, sentado, cansado, quase dormindo e esperando o ônibus - tudo ao mesmo tempo, acredite. De onde estou posso chegar a vários destinos diferentes: oeste, leste, sul e norte, sem medo da morte – tenho medo é de tipologia.
Minha razão me diz: "seu rumo depende de sua vontade (objetivos) e do seu estado de espírito (ou seja, dinheiro)". Minha falta de razão, por sua vez, manda-me simplesmente viver.
Misturo as coisas e me questiono se meu rumo estaria de fato condicionado aos fatores apontados pela razão. Bem, diria que parcialmente. Lembro-me de “Em Busca da Terra do Nunca”, filme que trata de fantasia e inúmeros passeios por mundos incríveis. Essa produção legitima a importância da criatividade, da imaginação! Posso estar em qualquer lugar, quando quiser! Vez por outra faço viagens internacionais e não gasto nenhuma unidade monetária por isso!
Sem perceber começo a dormir, mas as idéias teimam em prosseguir, sem que haja necessidade de minha lucidez. Somos tão criativos enquanto dormimos... Os sonhos se revelam boas práticas de cunho inventivo: faço o que quero e o que não quero. E esse “não querer” acho particularmente interessante. As pessoas costumam confundi-lo com o “executar”. Posso muito bem desejar algo que não devo, por convenções, limitações. O fato de não cobiçar não anula o meu querer. Mas isso é objeto de discussão futura.
De repente a buzina me acorda. Meu ônibus chegara e eu quase falto ao trabalho: eis meu rumo físico. Puramente físico. Porque minha imaginação, naquele exato momento estava se voltando a uma região de céu sombrio, prédios antigos e charmosos. Quantas pessoas tolas...
Por lá tenho o que quero, faço o que quiser. Sentir-me-ei em Pasárgada, pois posso ser amigo do rei, ter a mulher que quiser, na cama que escolher. Sou feliz assim, sonhando...
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céu sombrio, prédios antigos e charmosos
ResponderExcluirvc tava era na ribeira!!
rsrsrs
good text
E nossa imaginação nos levou a sentar ao lado de Victor e sentir tudo o que ele sentia. Bela metalinguagem velada (pensaste nisso ao criar tão bela tessitura?)
ResponderExcluirCarpe Noctem. Grande abraço.
Você é bem melhor fazendo prosa.Parabéns..Belo texto...Shauara
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