segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Filosofia Pop

Sempre estivemos habituados a compreender a filosofia como uma ciência canônica, tradicional; uma ciência que prioriza autores e temas clássicos. Mas a partir dos anos 2000, Roberto Feitosa - professor da Unirio, pós- doutor em Filosofia - iniciou o debate acerca de um novo rumo para a filosofia. Filosofia esta dirigida mais ao povo, em detrimento do erudito.

Diante desta acessibilidade, interessei-me de imediato. Trata-se do heterogêneo, de algo suscetível a diversas influências (da música, do teatro etc.), sem perder a complexidade do pensamento. Desta forma, a FP procura contagiar-se pelas artes, deixar que os conceitos sejam norteados pelas imagens. Assim sendo, as percepções e os horizontes podem ser ampliados e se enriquece a compreensão de mundo.
A expressão “Filosofia Pop” não foi escolhida a toa. O objetivo desta nomenclatura é provocar, visto que ela incomoda e atrai. Contudo pop não significa popular. Enquanto o popular comumente recebe dois tipos de julgamento - ou é menosprezado ou é celebrado como se fosse o único e autêntico - o pop passou por uma verdadeira mutação semântica.
Nos anos de 60’s e 70’s existia uma espécie de primeira roupagem do pop: o movimento de contracultura, que defendia a liberação sexual e fazia resistência a hierarquia e autoridade. O segundo tipo de pop, massificante: comercial, industrial e homogeneizante. O terceiro, está totalmente vinculado ao protocolo para troca de emails na internet. Bem amigos, certo é que outros pop’s virão.
Feita a explicitação do termo, retomamos a FP e seu objetivo: buscar o meio termo para que a filosofia não vire receita de bolo, nem se transforme numa espécie de mistério sagrado, isto é, não descuidar do conteúdo nem deixar que o mesmo se torne extremamente codificado (e fora de contexto, em tempo e espaço).
Historicamente, percebe-se um ciclo relativo a valores: ora versão, ora inversão de dicotomias. Em sua tipologia versão, diz-se que o belo é melhor que o feio; quando inversão, que o feio é melhor que o belo, sem uma análise mais profunda acerca da questão - algo simplesmente alternativo, menos ordinário.  É nesse contexto que a FP ruma à ex-versão: como pensar na obra de arte para além do binômio beleza/feiúra?
Se tentarmos enxergar o mundo sob outra ótica, talvez consigamos expandir nossa hermenêutica das coisas: o não filósofo pode aprender a pensar; o filósofo pode reaprender a pensar não filosoficamente.
A FP então é uma filosofia híbrida, nômade, capaz de romper com a divisão da cultura. Ela se coloca em relação a não filosofia, para que diferentes saberes se interfiram. Trata-se mais de uma atitude do que um campo definido...
“Ao povo em forma de arte”.

Um comentário:

  1. é que nem platão disse, um bom filósofo nao se cansa de admirar e não consegue se habituar ao "normal". essa filosofia pop é uma alternativa muito atraente e inteligente pra fazer um numero maior de pessoas pensar de uma outra forma e nao cessarem de se admirar com o mundo x)

    =*

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