quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O Vacilo do Vassalo


Entre a cruz e a espada,
E os costumes hereges feudais,
Sempre que a dada submissão
Não sacia a sede do suserano,
A sociedade sente-se ainda mais
Com o pescoço na guilhotina.
.
O vassalo serve à religiosidade da usura.
.
.
Outras negações
Põem a vista a redenção dos pecadores
E o pecado dos puros,
Que erram não por serem submissos,
Mas por aceitarem a dominação.
Eis o vacilo do vassalo.

sábado, 1 de agosto de 2009

O resto

Aquilo que sobra ou sobeja.

Pena que algumas pessoas distorçam seu significado, associando-o a algo que não presta, que não serve mais e que já foi consumido em sua totalidade. Mas isso não é verdade. O resto também pode ser visto como uma oportunidade, como um passatempo etc.

Quando digo “pode ficar com o resto”, esse excesso pode não ser valorizado por mim, mas pode ser querido por alguém. O que sobra em meu prato é excedente, obviamente. Mas isto pode ser a refeição de outra pessoa ou, “na pior das hipóteses”, de um animal qualquer. O que sei é que meu resíduo não vai necessariamente ao lixo, ser lixo, ser algo inútil. Resto não é lixo. Excesso não é algo ruim. Ele pode ser renegociado; reutilizado. Basta darmos outro corpo, agregar valor, inovar. A reciclagem está aí para isso (mentira, a reciclagem está aí para ser vantagem competitiva de empresas hipócritas).

Resto pode ser excesso, mas também pode ser algo que fica por dizer ou por fazer. Então te conto o resto depois.

Resto é matemática. O divisor dividido pelo dividendo nos dá como resultado um quociente somado a um resto. Nove dividido por seis é um. Sobra três. Três é resto. Simples assim.

Gosto do gosto, do gasto e de quem gosta de mim. O resto deixo pra lá. Os outros pouco me importam.

Observemos com tento a sentença subseqüente:

“O resto da sorte daquele setor pertence aos retos da empresa”. (CAJU, 2008).

Resto: já foi bastante conceituado, vamos para a análise do próximo termo destacado.

Sorte: destino, acaso; em se tratando de boa sorte, escassez de azar, excesso (ou resto) de sorte.

Setor: parte distinta, zona; é fragmento e se somado a outros setores da instituição, novamente nos dará um excesso (resto) de seções.

Retos: porções finais dos intestinos grossos, via de eliminação do material restante após a digestão e absorção dos alimentos; que não são tortos, sem sinuosidades; justos, imparciais; seguem sempre na mesma direção.

Depois dos pertinentes comentários, creio que a interpretação seja livre, mas trabalho com a versão “o que sobrou da boa sorte daquela seção pertence aos justos da empresa”. Notemos que consegui formar, em minhas horas vagas, algumas palavras utilizando-me de todos os elementos do conjunto X = {r, e, s, t, o}. É, eu jogo “letroca”.

Peço perdão (mais uma vez, se compliquei sua vida!) pelo triste encerramento do texto, mas comprovo aqui que resto é oportunidade de, através de meu passatempo, esgotar o resto (ou o pouco que sobrou) de vossa paciência...


sábado, 25 de julho de 2009

De meu leito


Palavras que não surgem,
Ar que não entra em meu peito.
Encanto que se foi com seu encanto,
Um tanto ofuscante.

Compensações que emergem,
Satisfações quando me deito.
De meu leito, pranto –
Reino aconchegante.

Já não quero que me prejulguem,
Analisem meu feito.
Jeito corpo santo,
Aterrorizante, sem preceito.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Pequena Colombina


Que carnaval, que nada.
Música e festa sem a amada
Não é festa nem música.

Aquela singela face
Pôde me entristecer
De maneira lúdica,
Entre confetes e serpentinas.

Agora é tanto amor que tanto faz,
Sou seu Arlequim e Pierrot.
E choro e brindo a sua alegria.
A festa é verde vermelha e fria.

domingo, 12 de julho de 2009

Sempre que posso, uso a imaginação




Eu, Victor Trajano, 29 anos, sentado, cansado, quase dormindo e esperando o ônibus - tudo ao mesmo tempo, acredite. De onde estou posso chegar a vários destinos diferentes: oeste, leste, sul e norte, sem medo da morte – tenho medo é de tipologia.

Minha razão me diz: "seu rumo depende de sua vontade (objetivos) e do seu estado de espírito (ou seja, dinheiro)". Minha falta de razão, por sua vez, manda-me simplesmente viver.

Misturo as coisas e me questiono se meu rumo estaria de fato condicionado aos fatores apontados pela razão. Bem, diria que parcialmente. Lembro-me de “Em Busca da Terra do Nunca”, filme que trata de fantasia e inúmeros passeios por mundos incríveis. Essa produção legitima a importância da criatividade, da imaginação! Posso estar em qualquer lugar, quando quiser! Vez por outra faço viagens internacionais e não gasto nenhuma unidade monetária por isso!

Sem perceber começo a dormir, mas as idéias teimam em prosseguir, sem que haja necessidade de minha lucidez. Somos tão criativos enquanto dormimos... Os sonhos se revelam boas práticas de cunho inventivo: faço o que quero e o que não quero. E esse “não querer” acho particularmente interessante. As pessoas costumam confundi-lo com o “executar”. Posso muito bem desejar algo que não devo, por convenções, limitações. O fato de não cobiçar não anula o meu querer. Mas isso é objeto de discussão futura.

De repente a buzina me acorda. Meu ônibus chegara e eu quase falto ao trabalho: eis meu rumo físico. Puramente físico. Porque minha imaginação, naquele exato momento estava se voltando a uma região de céu sombrio, prédios antigos e charmosos. Quantas pessoas tolas...

Por lá tenho o que quero, faço o que quiser. Sentir-me-ei em Pasárgada, pois posso ser amigo do rei, ter a mulher que quiser, na cama que escolher. Sou feliz assim, sonhando...

domingo, 5 de julho de 2009

Inanição


Vazio.




Desnorteado.




Sem inspiração, essa é a verdade.


Neutralidade não é algo que motiva.

Quero opinião. Quero parcialidade.

Mas quero também mansidão.


Uma mansidão sem mentiras (ou poucas delas).




Sem hipocrisia (ou quase isso).




Cheia.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Sertanejo Contemporâneo


De paletó no siridó,
Num calor da muléstia
E frieza na vista:
É tudo que me réstia.
Mas de aimeidia
Eu chuto o báldi,
Me disarrumo da doutoria,
Da fingida fraude.
Vô tangê meu gado.