sábado, 21 de maio de 2016

REQUIEM FOR THE AMERICAN DREAM

Noam Chomsky, em “Requiem For The American Dream”, trata da desigualdade sob várias perspectivas (histórica, econômica etc.). Ele afirma que a desigualdade é provocada pela riqueza extrema e é injusta por si só; que ela tem consequências negativas e sua simples existência afeta corrosivamente a Democracia. Neste sentido, é introduzida a discussão democracia x riqueza, essencial ao entendimento da existência / manutenção da desigualdade.
Chomsky ainda enumera os dez princípios da concentração de riqueza e poder. Dentre eles, sem “economês”, destaco três: a redução da democracia, o ataque à solidariedade e a marginalização da população.

Redução da democracia. Trata-se de uma antiga manobra, defendida por James Madison, que objetiva garantir o controle da população frente ao “problema” das desigualdades (proteger a minoria opulenta contra a maioria, o povo). Um contraponto a este tipo de pensamento, por exemplo, é Aristotélico: é possível rumar à resolução do problema da desigualdade por meio da diminuição das diferenças de riquezas, o que obviamente não é de interesse dos mais abastados.

Ataque à solidariedade. Enfatiza a preocupação consigo mesmo, o que faz sentido para os ricos, que são autossuficientes. Para os pobres, por sua vez, a solidariedade é importante. Como exemplo têm-se os múltiplos ataques que diversos serviços públicos vêm recebendo, não no sentido de melhorá-lo / corrigi-lo, e sim no sentido de extingui-los. A Seguridade Social (SS), que se baseia no princípio da solidariedade (com o fato de se importar com os outros) - e é composta pela Previdência Social, Saúde e Assistência Social -, vem sendo alvo de discussões e ações que desresponsabilizam o Governo e apontam malefícios (perdas de direitos) para a população. Há uma tentativa combinada de destruí-la (a SS): retiram-se os investimentos desses segmentos para que se desmoralize o serviço público (por “incapacidade de gestão”, por exemplo) e se justifique a privatização do sistema. Na Educação não é diferente, o ataque é visto em todos os níveis do ensino público. Pretende-se, de vez, transferir (do Governo para o cidadão) a responsabilidade de investimento em Educação, com a consequente criação de um fardo para os estudantes de famílias pobres. Antes, quando se produzia menos, era possível arcar com a educação pública; hoje, produzindo-se mais, “não é”. Estão tentando tirar o sentimento de mutualismo da vida das pessoas, reproduzindo-se sentenças tais quais: “não tenho filhos jovens, que privatizem a escola”; “tenho plano de saúde privado, que acabem o SUS”; “pago previdência privada, pouco me importa o RGPS”.

Marginalização da população. Trata-se da deterioração da relação entre atitudes públicas e política pública. Deixa-se de agir construtivamente; há mobilização, mas em direções autodestrutivas, na forma de raiva e ataque a outros vulneráveis, o que corrói as relações sociais. Instiga-se o ódio e o temor uns dos outros e se passa a focar na preocupação consigo mesmo.

No fim das contas, por meio desse documentário, é possível inferir que Democracia e a Concentração de Riqueza são antagônicas. Mais que isso, que a Democracia tende a ser combatida pelos concentradores de renda, quer seja por meio de ideologia, da mídia ou de instabilização das relações de trabalho. Como disse John Dewey, “a politica é a sombra lançada sobre a sociedade pelas corporações”.

            A divisão criada e incitada no Brasil não é aleatória: existem diversos interesses, antes implícitos, hoje (cada vez mais) explícitos, que a sustenta - o Governo Interino tem nos mostrado isso. Mas o Brasil é um só, somos todos Gente. Com Bom Senso e Solidariedade podemos agir juntos e construtivamente contra injustiças, a favor da melhoria feita por todos, para todos. É nisso que acredito.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Identidade

Qual de mim vou me vestir, me despir? Multifacetado, já fui tantos... Mas talvez, no fundo, não seja nenhum.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Beco sem saída



Surge mais uma questão para que se inquiete, tomar uma decisão normalmente não é fácil.

Há de fato uma escolha correta?
Para simpatizar com um grupo, preciso negar o outro?

Tudo parece tão bem quando se está lá ou cá...

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Parênteses

Perspectiva do incremento (dos múltiplos incrementos). É certo que a escassez valoriza as coisas, que os primeiros ensaios nos dão uma sensação peculiar. Mas também a experiência é capaz de conferir novos sabores, talvez menos intensos, mas certamente mais detalhados. Cada diálogo (cada viagem, cada música, cada mesa de bar, cada beijo, cada filme, cada entrelinha, cada ensinamento, cada...) nos engrandece, nos amplia a perspectiva e de certo modo facilita a nossa relação com a próxima situação a ser vivida. Desta vez, sem tanto pudor ou pensamentos que porventura inibam a plenitude do momento. Não se vive com uma ampulheta de lado: o futuro é incerto, a aleatoriedade nos concede a oportunidade de construirmos nossas próprias memórias, sem tempo para nada (fazemos nossa hora), com tempo para tudo (basta ter paciência). Uma semana a mais contigo (agora) não significa uma semana a menos contigo (no futuro).  Não há complementaridade nisso, mas sim, na relação que nos cerca.


segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Ele e ela


Ele quer ser seu, bela dele,
mas a mazela da probidade o proíbe.
Saudades da arranhadela, arrepiantes, na costela.

Aperreado daquele jeito,
iria ao fim do mundo, novela-drama,
porque ele grita pelo amor que pulsa, paixão que sela.

Só pensa nela, só pensa em ti.
Vive de bagatela, sequela de sua ausência,
viela de subúrbio. Sem gazela (sua donzela), vaga pelas beiradas, lapela,

até cair no fundo do poço, sepulcro de vela apagada.

domingo, 6 de dezembro de 2015

Foi-se?


Deito-me... Fecho os olhos... A visão embaça... Aos poucos enxergo o que me rodeia.

Chegou?

Por favor, suba pela escada rolante, cá estou. Que a partir de agora cavalguemos num verme, cavemos galerias neste solo, oremos a Santa Madalena (liberdade, cultura, fé).

Quero a paz das narinas no cangote, dos corpos encaixados, dos pés sobrepostos, do sono profundo pós-coito.  Que teu cafuné me acalme o juízo, que teu cheiro não saia de mim, que teu sorriso permaneça em meus pensamentos. Que nosso gozo seja sempre conjunto, simultâneo, eterno. Que eu não acorde; que o sonho não se acabe.

Foi-se?

sábado, 5 de dezembro de 2015

E agora?



Ao longe barcos e flores. Uma melancolia que não imaginara, por ser e ver sempre alegria. A amizade oferece o ombro amigo, conforta e mostra uma saída: apresenta o amor. O amor surge, inspirador, movedor de montanhas. A princípio, ele cresce e desde então não se tem outra companhia, não se faz outra coisa. Mas a lucidez lhe passa a rasteira, ele cai. O que acontecerá com o amor? O que acontecerá com a alegria? O que acontecerá com a melancolia?