sábado, 19 de abril de 2014

Feminilidade

Fartura é seu nome. De repente, mas não tão repentinamente assim, ela deixa tudo pra trás por um tempo. Louca Fuga da gênese de seu sofrimento, de sua solidão numa casa tão cheia, de seu exclusivo papel de mãe.

A estrada é sua nova casa e a cada carona se faz uma boa amizade - apesar de ter sido nos dormitórios que criara seus laços mais duradouros -, sua nova mãe, seu novo amor.



Pronta para voltar, ela retorna. 

Agora é só banho de mar do modo que veio ao mundo; agora é só dizer o que pensa; agora é só Força, é só Felicidade.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Movimento perpétuo

Um cientista nato, desde pequeno (nino).
Terreno da geometria no caderno de pintura,
usura experimental a brincadeiras
e criatividade arteira
(sobremaneira pela sua idade).
Epistemologicamente situado no meio do nada,
da bancada partiu, do ensinar para aprender e
para ser e tornar-se virtuoso,
(afetuoso para com a sua metafísica infantil).
Gênio, fato. Corajoso, sem dúvida.

Mas no momento, ele só quer o colo da mãe.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Desvario de domingo


E num domingo se liberta – foge-se do hospício – para enfim reiniciar-se a vida. Não se pode perder o interesse, nem perder-se em meio aos pensamentos: neste mundo de afirmações, se não se tem sentido, não há lucidez.

Eis que a vida parece fluir no magistério, em diversos âmbitos. Livre para trabalhar onde quer, lecionar o que quiser. Livre para o esporte, para o altruísmo, para se pensar a vida.

E num feriado qualquer, do nada, eis que surge um novo alguém, que te faz remexer o passado e superar seus traumas e dilemas intrapessoais. Um alguém tão despretensioso quanto você, que se encaixou como uma luva. Você continua louco e, apesar de seus remédios, parece que agora as coisas fazem mais sentido neste novo domingo. 

Dilemas

 


Conforme Marilena Chauí, cenários que manifestam nosso senso moral normalmente testam nossa consciência moral, pois determinam que decidamos o que fazer, frente a si e aos outros (dada nossa responsabilidade).

O senso e a consciência moral se referem a valores, a emoções provocadas pelos valores e a decisões. Embora os conteúdos dos valores variem, podemos notar que estão referidos a um valor mais profundo, mesmo que apenas subentendido: o bem versus o mal.
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Podemos realizar a eutanásia?
Podemos exercitar o poliamorismo?
Denuncio a criança que rouba o pão para sobreviver?
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Nesse contexto, apresenta-se o juízo de valor, aquele que vai além da anunciação do fato, aquele que interpreta e avalia. São enunciados na moral, nas artes, na política, na religião... O juízo ético de valor é normativo, isto é, emite normas que determinam o dever ser de nossos sentimentos, atos e comportamentos. Cada sociedade (conforme tempo e espaço), no entanto, constrói sua própria Cultura, em consequência de como os seres humanos interpretam-se a si mesmos e as suas relações com a Natureza, atribuindo-lhe valores diferentes.

Deste modo, é bom que se conheça diferentes óticas, que se ampliem as perspectivas. Repense seu pré-conceito, suas verdades e absolutismos, porque gosto se discute – não se impõe.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Descrito



Aprendizado a cada instante,
abro mão, me flexibilizo.
Terei final triunfante?
Sorriso sempre avante,
a frente sempre o sorriso.
Felicidade amargurante.

 

Datada, com hora para o Adeus,
e vivida todos os segundos,
devidamente agradecidos a Deus e todos os santos.
Tola cumplicidade, em essência,
dois mundos num só mundo:
conexão com veemência.


Transparência de sentimentos,
dependência de divisão,
de ilusórios planejamentos,
talvez não.
E o futuro triunfante, anote, 
a partir deste instante!

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

A face oculta do empreendedorismo

te·o·lo·gi·a 

substantivo feminino
1. Ciência da religião, das coisas divinas.
2. Doutrina católica.
3. Curso de estudos teológicos.
4. Tratado de Deus.
5. Reunião de teólogos.

"teologia", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/teologia [consultado em 27-09-2013].

O historiador Leandro Karnal afirma que toda teologia apresenta o certo e o errado, aponta quem erra (portanto, o pecador). Geralmente propõe alguma prática religiosa, apresentada e executada em reuniões, guiada por um sacerdote e pela fé. Durante o rito, alguém fala, outros repetem e acima de tudo é importante parecer feliz, afinal de contas a teologia promete a felicidade.
Quando trata da teologia contemporânea, Karnal a classifica em:
1) Teologia da Autoajuda;
2) Teologia das Religiões Neopentecostais;
3) Teologia do Empreendedorismo.

A Teologia da Autoajuda parte do pressuposto que o indivíduo tem que se amar, deve ser positivo, já que o que se imagina de fato acontece. Trata-se de uma teologia vaidosa, que em muitas vezes só ajuda a quem escreve o livro.
A Teologia das Religiões Neopentecostais é uma espécie de teologia da prosperidade, que afirma que ao invés de somente mentalizar (o que ocorria na teologia anterior), o indivíduo deve rezar para resolver os seus problemas. Além disso, a aquisição da fé o tornará bem-sucedido, pois Deus é vencedor e não sofredor (como fora em outros tempos).

em·pre·en·de·do·ris·mo 
(empreendedor + -ismo)

substantivo masculino
1. Qualidade ou .caráter do que é empreendedor.
2. Atitude de quem, por iniciativa própria, realiza .ações ou idealiza novos métodos com o .objetivo de desenvolver e dinamizar serviços, produtos ou quaisquer .atividades de organização e administração.

"empreendedorismo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/empreendedorismo [consultado em 27-09-2013].

A Teologia do empreendedorismo, por sua vez, afirma que sucesso é um destino, é a chave do futuro, é tudo. Esta é a mais capciosa das ideologias, pois sustenta a ideia de que “se eu fracassei, a culpa é minha”. É como se somente a coragem, a ousadia e a iniciativa fossem capaz de tornar um indivíduo vitorioso. Para este tipo de teologia o inferno é o fracasso.
Mas este pensamento é exatamente o contrário do que muitos estudos associados à economia experimental e comportamental apontam. Leonard Mlodinow afirma que a mente humana foi construída para identificar uma causa definida para cada acontecimento, podendo assim ter bastante dificuldade em aceitar a influência de fatores aleatórios ou não relacionados. Ou seja, é importante notar-se que o êxito (ou não) pode não surgir de uma grande habilidade (ou da falta dela), e sim, de “circunstâncias fortuitas” (Armen Alchian).
A subversão, na Teologia do Empreendedorismo, é tamanha. Ela faz com que muitas pessoas se espelhem em determinadas referências, tais quais Steve Jobs e Eike Batista, que por vezes fizeram coisas ilícitas ao longo de suas vidas, em busca de suas respectivas ascensões. Mas isso parece não ter tanta importância, tais atos não são pecados (por conseguinte condenáveis), são sinais de empreendedorismo (de admiração).
É possíveis identificar-se com facilidade a existência desta teologia, por exemplo, através da observação de determinadas publicações, dentre elas:
1) “O Monge e o Executivo”, como encontrar seu sucesso através de uma prática;
2) “Empreendedorismo Dando Asas ao Espírito”, cujo título e conteúdos são religiosos, mas substitui-se Deus pelo Empreendedorismo.

A sensação que se tem ao fazer a leitura desses materiais é a de que se todos forem empreendedores, todos serão bem-sucedidos como o Eike. Mas a própria teoria econômica sabe que não é exatamente assim que tudo funciona. O problema do desemprego no Brasil não depende somente da qualidade da oferta de mão-de-obra, mas também da oferta de empregos, do nível de crescimento da atividade econômica, da demanda por bens e serviços, dentre outros fatores. Em pouco tempo, com o nosso atual nível de profundidade, crítica e discernimento, o empreendedorismo vai passar de teologia a teleologia.

Quereria

Quereria te ver

Olhar diretamente em seus olhos

Quereria te ver

Mirar-te ao longe, ir ao teu encontro

Quereria te ver

Para enfim poder te vislumbrar, abraçar

Quereria te ver

Prazer entrever, te conhecer

Quereria te vir,

Puxar-te até aqui,

Proferir: fique com Deus,

Beijo na família