domingo, 14 de novembro de 2010

Qualquer Coisa


A chuva se espalha

e encolhe as pessoas.

Sob um pequeno teto pop

tudo pode acontecer.


quinta-feira, 4 de novembro de 2010

PERSPECTIVISMO



Subversão,
Com sua percepção de fato, da coisa
Da pessoa.

Uma memória recente que esquece
O passado de sempre, mais
Distante.

Estranha interpretação
E construtivismo contra
Mim.

E o direito ao contraditório?
Injustiça social,
um balde de água fria.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Probabilístico




Imperfeição que se arrasta
durante a fala:
im - per - fei - ção.

De fronte, cíclico, redondo.
Limite infinito,
sem limite,
sem estímulo:
sem tesão.
Im - per -  fei -  ção.

Largura da intensidade e
erro do tipo 1.
Aí rejeito o verdadeiro,
sem mirar o ouro
estocado a esquerda
da direita, inelástico.

Erro do tipo 2,
aceito o falso.
Já tenho profissão,
mas mantenho a esperança
na variância de sua imperfeição,
não-determinística.

Sois possibilidades...

domingo, 3 de outubro de 2010

la liberté


Outro dia, revendo o documentário A Ilha das Flores, de Jorge Furtado, deparei-me com a seguinte frase de Cecília Meireles:

Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”.

Parei alguns minutos para refletir.

Indaguei-me sobre o que seria liberdade para mim, e deste modo, se sou livre (no dicionário, livre “é o estado daquele que tem liberdade”). Mas retomando o conceito de Meireles, as coisas ainda não estavam tão claras para mim.
De antemão liguei o termo às condições física e psíquica de um indivíduo, em seus diversos níveis. Sendo assim, Ramón Sampedro, personagem do filme Mar Adentro (de Alejandro Amenábar), não é livre. Muito menos alguém com morte cerebral.
Em seguida, associei liberdade à ideologia. Lembrei-me imediatamente de Guerreiro Ramos, que dizia que

“não dispõe o indivíduo do piso firme necessário para que sua identidade se desenvolva. Ele é, antes, compelido a enfrentar processos e mudanças que constituem derivativos de um movimento auto-induzido e indefinido do agregado social. O homem moderno é o tolo enganado por uma fé mal colocada. Os traços básicos da síndrome do comportamento constituem o credo não enunciado de instituições e organizações que funcionam na sociedade centrada no mercado. Não constitui mero incidente o fato de que, em toda sociedade em que o mercado se transformou em agencia cêntrica da influencia social, os laços comunitários e os traços culturais específicos são solapados ou mesmo destruídos. O mercado tende a transformar-se na força modeladora da sociedade como um todo. Conseqüência da ação da política cognitiva1.

Nós, seres humanos contemporâneos, assimilamos (goela abaixo) uma filosofia de vida de mercado. Para obtermos respeito em nossa sociedade, temos que ser produtivos, temos que ser “bons em alguma coisa”.
Existem modelos que melhoram nossa performance, que nos tornam mais eficientes: são os modelos de especialização. Adam Smith já fazia defesa de seu uso no século XVIII. Ele dizia que o país deveria enfatizar esmagadoramente na produção do recurso que tivesse maior potencial: se o Brasil possui excedente de recurso natural, não seria lógico (em termos de custo) produzir tecnologia. Se essa idéia fosse incontestável, estaríamos fadados às injustiças provocadas pelas trocas desiguais no comércio internacional. Outra crítica que se faz a esta lógica é referente ao risco. No caso de uma diversificação dos bens produzidos, o risco de quebradeira é bem menor.
Isto nos leva a outras perspectivas, postas para discussão: o não-foco e o foco espontâneo, não impostos por uma ideologia de mercado.  Minha função utilidade ou simplesmente meu nível de satisfação pode ser maior, por exemplo, quando rompo com a sociedade e não mais curso graduações e pós-graduações porque o mercado impõe ou exige; pode ser maior também no caso em que sigo este caminho porque tenho verdadeira vocação. Mas o que se vê é justamente situação que não estas duas: o número de pessoas com acesso ao ensino superior cresce, o que a priori seria fantástico. No entanto, esse dado não remete melhoria qualitativa. O que quero explicitar é que o modo de vida com foco é verdadeiramente benéfico para o espírito, nossa essência, nos casos em que a busca pelo foco é motivado por inquietude interior. Caso contrário, se o foco não pertence ao seu estilo de vida – ele é imposto pelo mercado e pela sociedade - entregue-se ao generalismo e seja feliz. Garante sua sobrevivência de forma lícita, através de qualquer ocupação, e fuja da condição de “alegre detentor de emprego, vitima patológica da sociedade centrada no mercado”. Ah! Não esquece de assistir ao filme “Into The Wild”.

¹ Política cognitiva consiste no uso consciente ou inconsciente de uma linguagem distorcida, cuja finalidade é levar as pessoas a interpretarem a realidade em termos adequados aos interesses dos agentes diretos e/ou indiretos de tal distorção.


quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Frenesi

Da beleza feminina,
Angústia que dá
De tanto desejo contido,
Da monotonicidade.

Já nem sei se há parcimônia,
Pois defronte a vós, mulheres,
De tanto desejo contido,
O que vivencio é puro frenesi.

Por conseguinte,
O lado pensante
Se delicia na observação;

O lado bicho, por sua vez,
Aflora, afauna, vegeta:
Natura.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Decolagem


Cálido, pálido, gélido -
Sobe pelas pernas.
Emaranhado, engalhado -
Sobe pelos ares.

Sem conformidade característica,
Aconselho-te que não caias.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Sobre Meu Jardim


As flores já não são o que eram.
Muito menos as rosas.

A breguice aos poucos se desfaz e
O mundo não se torna menos triste por isso.
Sem pétalas o boêmio não recita seu verso,
Não toca sua viola, nem ao menos brinda.

Guardo no coração momentos os quais semeei,
Vi crescer e se esfacelar todo o meu jardim.
Guardo no coração o romantismo, a amizade e
A paradoxal relação dessa relação.

Frutos surgirão, quiçá outras flores.
Contudo, Rosas como nós...
Os Rosas!
Isso não há de surgir!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Por-do-sol





Mais um dia comum.
Mais um domingo.
Dia de reunião com a banda.
Direcionava-me ao estúdio para gravar algumas canções e me deparei, através do pára-brisa de meu carro, com a luz do sol poente. Não se tratava de um tipo de claridade ordinária - aquela iluminação não aparece n’outro dia da semana, ou ainda, ao despertar do dia.
E aquela imagem poética não me saía da cabeça. Tinha um “quê” de coisa singular: iluminada, abençoada. Era contemplada com um tipo de benção às avessas, por se tratar de algo que transparecia onisciência e tristeza. Pareceu-me conhecedor de tudo, ou ao menos de muita coisa. Parecia também saber que a humanidade não tinha mais jeito – “ela se perdera em meio ao caminho rumo à riqueza das nações, sei lá”.
Exercício de prioridades erradas de uma maioria em nome de uma prioridade certa (ou ao menos lógica) de uma minoria. Na verdade nós (a maioria) nos desgastamos muito para sobreviver. Submetemo-nos às regras colocadas pela minoria para conseguirmos ou nos mantermos num emprego qualquer. O trabalho nos dias atuais sofre uma exploração diferente de outrora. Antes, bem antes, nosso cansaço era estritamente físico. Hoje, somado a isso, nos deparamos com uma exploração intelectual, e o conseqüente cansaço mental. E lá de cima se contorce o sábio, crítico e ressacado sol de domingo.
“Procure o equilíbrio: não descanse demais, não trabalhe demais”, o sol praticamente me ordenara. Aliado a isso, desfaço-me de pensamentos de tempos em tempos para descongestionar esta rodovia de informações, senão enlouqueço. Desta forma sou menos condicionado por esta natureza, torno-me mais autônomo.
Não deveríamos sofrer por excesso de obrigações. Selecione-as. Ah, o sofrer de certo alguém, refletido neste sol poente de domingo...

sábado, 26 de junho de 2010

Uma certa descrença


Ingresso para a filosofia: por meio do seu discurso se pode evitar a adoção precoce d’uma doutrina como sendo verdadeira; anti-dogmatismo.

Trata-se, pois, d’uma experiência intelectual. Depois de muito meditar sobre diversas vertentes (filosóficas, econômicas, sociais, religiosas etc.), o homem acaba por conhecer inúmeras teses e pensadores. Deste modo, coloca-se numa delicada situação - optar por apenas uma das teorias, árdua tarefa. 

Dado que todas as teorias são bem estruturadas e persuasivas, pergunta-se: será que há uma única teoria verdadeira?




Depois d’uma experiência como esta, o homem já não é o mesmo. Tornara-se mais rigoroso no raciocínio, exigente para avalizar. E é, ao mesmo tempo, mais aberto para os dois lados de uma questão, mais sensível as diferentes perspectivas.

Agora mais tolerante, o homem se entrega às tarefas cotidianas sem sentir vergonha ou diminuição por isso. A imersão cética na vida cotidiana associa-se a uma visão igualitária do ser humano.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Destruição criadora

Pressinto a perda de minhas motivações;

Percebo pelos sentidos minha enxaqueca.



Contudo teimo em dizer que sou independente

E insisto não por orgulho, mas por amor próprio.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Entrelinhas


Muito se fala sobre a influência ideológica do capitalismo no nosso dia-a-dia. Outro dia, li num artigo uma possível relação desta natureza. O meio de comunicação da vez era o gibi, mais precisamente histórias do Donald e Tio Patinhas. No artigo, Danton falava sobre a obra de Dorfman e Mattelart, “Para Ler o Pato Donald”.



1. Quanto às relações

Não há nenhum vínculo familiar direto nas histórias do Pato Donald e amigos. Trata-se de histórias entre tios, primos, sobrinhos etc.
Os personagens são movidos apenas pela ambição do dinheiro, sem relações de amizade desinteressada. O amor de Margarida, por exemplo, é baseado em relações de interesse (quase sempre financeiro), conforme o seguinte trecho:

Margarida: se você me ensina a patinar esta tarde, darei uma coisa que você sempre desejou.
Donald: Quer dizer... ?
Margarida: Sim... A minha moeda de 1872.
Sobrinho: Uau! Completaria nossa coleção de moedas, Tio Donald!

No mundo de Disney, ser mais rico ou mais belo dá imediatamente o direito de mandar nos outros.

2. Metáforas

Patópolis representa os EUA e todos os povos não-americanos são não-civilizados, ou seja, representam o terceiro mundo. É muito fácil ludibriá-los com quinquilharias.
            Dentre as diversas morais da história, uma clássica:
“Numa aventura Donald parte para Congólia. Lá os negócios do Tio Patinhas estão sendo prejudicados porque o rei proibiu seus súditos de se darem presentes de Natal, pois todo o dinheiro deve lhe ser entregue. Ao chegar do avião, o pato é tomado por um Deus e acaba destronando o rei. Sua primeira ação é ordenar que todos comprem presentes para suas famílias. Quando os armazéns de Tio Patinhas estão vazios, Donald devolve a coroa do rei, agora mais sábio do que antes. O governante aprendeu que, para se manter no poder, precisa se aliar ao capitalismo internacional”.

3. Analogias

A luta de classe é ridicularizada, conforme a história em que um grupo de hippies está fazendo uma manifestação contra a guerra: quando Donald oferece uma limonada de graça, a passeata se desfaz imediatamente.
Donald é em várias histórias massacrado pelo Tio Patinhas, no entanto ele não se rebela. Não o faz porque tem esperança de um dia herdar a riqueza do Tio. Assim como a América latina tem esperança de se tornar um dia um país desenvolvido.

4. Controvérsias

Algumas pessoas acusaram Dorfman e Mattelart de alterarem o conteúdo de algumas das falas, conforme o conveniente em sua argumentação.
Além disso, não sabemos até que ponto essa ideologia tenha tido origem “capitalista”, visto que, aparentemente, o conteúdo ideológico de direita vinha do desenhista, Carl Barks, não do patrão. Barks odiava Marx.


Por que embutir de ideologias desenhos animados e gibis? Provavelmente para atuar como agentes do imperialismo norte-americano – segundo Dorfman e Mattelart -, ao anular a vocação revolucionária que existe em toda criança, e, deste modo, tirá-las do caminho rumo ao Socialismo.
Exagero ou não, o interessante é que, com este exemplo, ampliemos nossa percepção sobre o porquê das coisas. Não aceite nada sem reflexão e crítica.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Amor Perfeito

Sinto muita coisa por você,
Mas sinto muito.
Quero conhecer-te sem saber de nada; 
Acariciar-te, esnobá-la;
Viver para sempre contigo e nunca mais te ver.

 


Eu te amo, mas também te odeio.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Memórias de um Brás



 “Celebro sua participação em minha vida, meu passado. Faço-o não com o intuito de revivê-lo, pois celebro também o meu futuro. Faço-o em nome de novas experiências no mínimo tão felizes quanto àquelas, de outrora. Experiências menos egoístas, com Amor que transcende a carne.  Sem subversão, apresento-lhe a Amizade”.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Antes de Cristo (a.C.)


Bela orientação
Do oriente
E camuflagem em sua sistemática
Satisfação.

Em meio ao verde tensão,
Calmaria nervosa
(Sigilo precedente à movimentação violenta)
Transpirada por amável ser.

Por favor, SEJA.

domingo, 9 de maio de 2010

Espírito Empírico

 
De certo modo é bom estar só:
Livre, veloz, de voz ativa.
Não me acomodo, estou melhor:
Nem tão fácil me cativas.
Olho para todos os lados,
Não encurto minha visão.

Dissimulação paira no ar,
Consigo até sentir o cheiro.
Como um bom ser mutável,
A virtude corre pelo bueiro.
Exprimindo a sensibilidade,
Percebo o mundo cão.

Essa essência é irônica,
Escalete, eu, espírito.
Descanso com contradição,
Além do mais sou empírico.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Nowadays

O paradigma mudou:



Recebo uma flor

E ela não mais espera,




Também busca o amor.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

O Mais Querido

O ABC das coisas; o apreender de cartilha; o ensino-aprendizagem; o saber como; o chegar lá.


Mas em se tratando de cachaça, sou de Terra Brasilis;  o ABC (que o patrocinador me perdoe), por enquanto, 51.

E o ABC chegou mais uma vez.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Conspiração

 
O socorro está vindo
E você esta rindo
Por não estar aqui.

Agradeço a consideração de avisar-me
Que zombas de minha desgraça
(Zombando de graça).

Mas o custo de sua ação
Custa caro,
Não tens mais o meu reparo,
Minha atenção.

Pensar é melhor -
Suma, me deixe na mão.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Engano dos sentidos

Sonha Morfeu,

Que meu eu, hoje, só ronca.


De pronta ilusão, ateu.

Sem alma, coração,

Vitude tonta. 

Breu.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Idiossincrasia


Assumamos: o ser humano não presta. 

Como diria Hobbes, somos animais sem escrúpulos e vivemos numa guerra de todos contra todos - num caos disfarçado pelo contrato firmado entre a sociedade civil e o Estado. Conhecendo essa característica, constata-se o perigo de confiarmos em nossa consciência como juiz de nossos atos.

Não quero ser visto como um eterno pessimista, pelo contrário. Ao meu ver podemos lutar contra esta natureza, a fim de minimizá-la. No entanto, precisamos constatar que não prestamos para nos policiar.

Não se exclua. Pare de achar que os outros não prestam. Não é saudável termos um excelente conceito de nós mesmos, sempre. Isso omite parte que nos pertence.

Lição de casa:
a) Através da ética descritiva, constatamos: "não presto!".
b) Através da ética normativa, objetivamos: "consertarei isto!".

BOA SORTE!

quinta-feira, 25 de março de 2010

Peripécias do Futebol


"A bola está furada,
O fato é que não haverá futebol".

Espanca-se o juiz, afinal a culpa é sempre dele;
Técnicos orientam a filosofia das coisas, do jogo;
Jogadores imaginam o desenho das nuvens, jogadas.

Hoje não haverá partida em parte alguma -
Futebol (ou a falta dele) também é arte.

terça-feira, 16 de março de 2010

Préstito desqualificante


                  Ter como norte a perfeição - um pecado.

                           A falta de mostras de percepção - outro.

        Não ser enquadrado como detentor

                  De qualidades prioritárias, segundo

            A concepção do homem perfeito,

                              Com inúmeras percepções expostas:
                
                      C'ondução do cadáver à sepultura.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Religião não se discute

 
            Ouço nos bares e mesas de discussões que religião não se discute. Se isso significar que não devemos tentar convencer o outro de que sua fé está errada, tudo bem. Afinal de contas, é bom que se respeite a opinião alheia. No entanto, existem alguns aspectos religiosos que podem e devem ser discutidos.
            O fanatismo, por exemplo, às vezes se relaciona de modo peculiar com a religião. Sabe-se que o fanático, pessoa animada por um zelo excessivo, aflora algumas características do homem Hobbesiano: somos todos egoístas e competitivos e, se necessário a preservação de nossa espécie (ou de nosso grupo), somos traiçoeiros e violentos. Este tipo de sentimento pode nos deixar a flor da pele, sensíveis e perigosos.
“A crença forte só prova a sua força, não a verdade daquilo em que se crê” (Nietzsche)
Este mesmo fanatismo nos remete a outro tipo de problema: a intolerância religiosa. E parece ser razoável o argumento de Voltaire¹ de que o fanatismo religioso deve ser combatido com o pluralismo – “quanto mais seitas houver, menos perigosa cada uma será, pois a multiplicidade as enfraquece”.
Poder-se-ia perguntar: se as religiões podem aflorar sentimentos extremistas e intolerantes, não seria mais conveniente destruí-las? Creio que não, baseado na seguinte idéia: é mais plausível e útil adorar divindades do que viver de forma incrédula. O homem precisa ter esperanças e fé para ser menos pessimista e agressivo. A Lei por si só, reprime crimes conhecidos; a religião, por sua vez, reprime os crimes secretos. O Direito e a religião, destarte, se complementam para moldar o comportamento do homem, ser “imprestável” (que não presta), para que este seja capaz de viver em sociedade com o menor número de maléficos egocentrismos possíveis.
“Quando o homem não tem noções claras e sadias da divindade, as idéias falsas ocupam o seu lugar” (Voltaire)
Em busca de um sentido a própria vida – qual o motivo de se lançar ao fanatismo, que leva a destruição?
Bem, se Deus quisesse que todos obrigatoriamente participassem de seu culto, seria pelo fato desse culto ser essencial a sobrevivência de todos. Se fosse tão necessário, o culto seria realizado por Ele; se fosse tão fundamental, o culto seria uniforme por toda parte, pois todas as coisas essenciais aos homens são universais: comer, beber, respirar etc.
Analisar e questionar são deveres de qualquer um que respeita a razão. O raciocinar pela metade só leva ao fanatismo e falsas superstições, pois aquele que não aceita questionar sua fé, sem dogmas e sua religião, perdeu esta capacidade inerente a todo homem: o pensar.





[1] Voltaire: humanista liberal que estabelece um combate à intolerância e ao fanatismo. Tolerância como valor moral, defesa radical da condição humana.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Pra que minha vida siga adiante









Choro um choro infinito,
   Mas cessarei de chorar;
      Sou gente grande - d'alguma vivência -,
         Careço tentar e tentar,
            Outra
             Lágrima.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Filosofia Pop

Sempre estivemos habituados a compreender a filosofia como uma ciência canônica, tradicional; uma ciência que prioriza autores e temas clássicos. Mas a partir dos anos 2000, Roberto Feitosa - professor da Unirio, pós- doutor em Filosofia - iniciou o debate acerca de um novo rumo para a filosofia. Filosofia esta dirigida mais ao povo, em detrimento do erudito.

Diante desta acessibilidade, interessei-me de imediato. Trata-se do heterogêneo, de algo suscetível a diversas influências (da música, do teatro etc.), sem perder a complexidade do pensamento. Desta forma, a FP procura contagiar-se pelas artes, deixar que os conceitos sejam norteados pelas imagens. Assim sendo, as percepções e os horizontes podem ser ampliados e se enriquece a compreensão de mundo.
A expressão “Filosofia Pop” não foi escolhida a toa. O objetivo desta nomenclatura é provocar, visto que ela incomoda e atrai. Contudo pop não significa popular. Enquanto o popular comumente recebe dois tipos de julgamento - ou é menosprezado ou é celebrado como se fosse o único e autêntico - o pop passou por uma verdadeira mutação semântica.
Nos anos de 60’s e 70’s existia uma espécie de primeira roupagem do pop: o movimento de contracultura, que defendia a liberação sexual e fazia resistência a hierarquia e autoridade. O segundo tipo de pop, massificante: comercial, industrial e homogeneizante. O terceiro, está totalmente vinculado ao protocolo para troca de emails na internet. Bem amigos, certo é que outros pop’s virão.
Feita a explicitação do termo, retomamos a FP e seu objetivo: buscar o meio termo para que a filosofia não vire receita de bolo, nem se transforme numa espécie de mistério sagrado, isto é, não descuidar do conteúdo nem deixar que o mesmo se torne extremamente codificado (e fora de contexto, em tempo e espaço).
Historicamente, percebe-se um ciclo relativo a valores: ora versão, ora inversão de dicotomias. Em sua tipologia versão, diz-se que o belo é melhor que o feio; quando inversão, que o feio é melhor que o belo, sem uma análise mais profunda acerca da questão - algo simplesmente alternativo, menos ordinário.  É nesse contexto que a FP ruma à ex-versão: como pensar na obra de arte para além do binômio beleza/feiúra?
Se tentarmos enxergar o mundo sob outra ótica, talvez consigamos expandir nossa hermenêutica das coisas: o não filósofo pode aprender a pensar; o filósofo pode reaprender a pensar não filosoficamente.
A FP então é uma filosofia híbrida, nômade, capaz de romper com a divisão da cultura. Ela se coloca em relação a não filosofia, para que diferentes saberes se interfiram. Trata-se mais de uma atitude do que um campo definido...
“Ao povo em forma de arte”.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Luiza



(...)
"Jeito apaixonado, apaixonante,
Mediante diversas personalidades
Na infância, adolescência e adultância.
Entre lápis, tinta e fluxogramas,
Nota-se uma independência dependente,
Envolta por desatenção rara,
Pantomimas e bons gemidos.

(...)
Serenidade sem fim, praticamente desenhada,
Veia artística e hereditária - a alegria da mãe.
Tens uma grandeza que me faz falta
E uma gargalhada tão gostosa
Que nos faz rir ao tentar cair, sempre.

(...)
Porque és linda de todas as formas possíveis.

(...)

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O Eremita


Alberto às vezes se desligava do mundo. Quando ficava irritado, cansado ou confuso, por exemplo, usufruía de um remédio que o curava de qualquer coisa: a solidão.
Era bom ouvinte. Mantinha consigo repetidos diálogos, com o objetivo de minimizar determinado problema. Era extremamente racional. Criava uma espécie de paradigma baseado na negação d’uma proposição inicial. Buscava assim, obter no mínimo os tradicionais dois lados da moeda.
Ponderava as coisas;
Fazia comparações;
De certa forma, forçava o equilíbrio.
Para ele, poucas pessoas conseguiam se calar na hora certa. Pouca gente refletia e agia somente a posteriori, com discernimento. É difícil tomar as decisões “corretas”, dizia.  Por mais que se tente tornar o mundo menos quadrado...

sábado, 16 de janeiro de 2010

Escarlate











Uma gostosura de verdes, de rosas.
Desenho-te completamente pelas beiras e
Imponho um chiado de coisa antiga, mangueira,
Com coisas redondas e tudo que tenho direito.

Escolho um vermelho bem paixão (e que vermelho!)
Pra que de frente ao espelho torne-me um insano,
A pessoa mais cruel do mundo.
Um alguém com a maldade dos melhores dos amantes,
Que não como antes
Esquece-se o que é o amor.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

"Afetuoso"




O amante, que anseia por amor.


Irracionalmente, de forma emotiva e,

A todo instante, a custo de poligamia.

Dicotomia do tipo libido x peso na consciência.


Prazer psicológico acima do efetivo:
Fetiche e subjugar da razão.


Amor frustrante, se se arrepende quando o consome.